Endividamento em Alta: impactos no mercado de aluguéis e caminhos para as imobiliárias enfrentarem esse cenário

O cenário econômico brasileiro em 2025 tem trazido desafios importantes para o setor de locação imobiliária. Segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o endividamento das famílias alcançou 77,6% em abril — um dos maiores índices da série histórica. Embora o Banco Central indique certa estabilidade no endividamento com o sistema financeiro (48,7%), a inadimplência no pagamento de aluguéis cresceu pelo segundo mês consecutivo, atingindo 3,33% em maio — a segunda maior taxa registrada no ano. 

Esse contexto reforça a necessidade de atenção por parte das imobiliárias, que precisam atuar com estratégia para manter a estabilidade de suas carteiras, garantir a sustentabilidade das operações e proteger o relacionamento com locadores e inquilinos

Como o endividamento impacta o mercado de locação? 

O comprometimento da renda familiar afeta diretamente o pagamento do aluguel, sobretudo nas faixas intermediárias e superiores do mercado. Um levantamento recente da Superlógica revela que: 

  • Imóveis com aluguéis acima de R$ 13 mil apresentaram inadimplência de 6,25% 
  • Contratos entre R$ 2 mil e R$ 3 mil tiveram a menor taxa: 1,87% 

Os dados apontam que, mesmo entre famílias com renda mais alta, o aperto financeiro começa a influenciar negativamente a regularidade dos pagamentos — um reflexo direto do cenário macroeconômico.

Estratégias para enfrentar a inadimplência e fortalecer a operação imobiliária 

Diante desse contexto, a adoção de práticas mais estruturadas e analíticas pode representar a diferença entre uma gestão reativa e uma atuação proativa e resiliente. A seguir, destacamos algumas abordagens que podem apoiar as imobiliárias nesse momento: 

1. Análise de crédito com inteligência de dados 

A utilização de ferramentas baseadas em inteligência analítica permite ir além da análise tradicional — que costuma se limitar a score genérico e histórico de negativação. Com soluções baseadas em inteligência artificial, é possível incorporar critérios como:

  • Histórico de pagamentos de aluguel 
  • Ocorrência de ações de despejo 
  • Origem da renda 
  • Maturidade de vida do pretendente 
  • Tendências de inadimplência por perfil 

Essa análise mais robusta torna a seleção de inquilinos mais estratégica, adequada ao risco real de cada imóvel e região. 

2. Gestão ativa do risco de crédito na carteira 

Mesmo com garantias locatícias contratadas, é fundamental que a imobiliária mantenha uma visão própria e atualizada do risco da carteira. As garantidoras operam com critérios internos e objetivos específicos, que nem sempre estão alinhados à realidade e aos interesses da imobiliária. Avaliar a exposição ao risco de forma contínua e segmentada por perfil de imóvel e inquilino permite tomar decisões mais acertadas e proteger a rentabilidade do negócio.

3. Cobrança preventiva e automatizada 

A adoção de soluções de cobrança automatizadas — como envio de lembretes por WhatsApp, e-mail e SMS antes do vencimento — tem se mostrado eficiente na redução de atrasos. Canais digitais de renegociação também facilitam o contato com o inquilino e agilizam a resolução de pendências.

4. Educação financeira para inquilinos 

Ações simples de comunicação podem gerar impactos positivos no comportamento financeiro dos locatários. Conteúdos educativos, boletins informativos e dicas de organização financeira ajudam a fortalecer o vínculo com o inquilino, além de contribuir para a redução da inadimplência

Expectativas e caminhos para o setor 

Políticas públicas, como o programa Desenrola Brasil, vêm buscando aliviar a pressão sobre as famílias endividadas. Apesar disso, os desafios estruturais exigem que as imobiliárias assumam uma postura estratégica na gestão de riscos e na seleção de inquilinos. 

A inadimplência no aluguel vai além da relação entre locador e inquilino. Ela afeta diretamente a dinâmica do mercado de habitação, podendo influenciar preços, oferta de imóveis e estabilidade nos contratos. Em um momento de maior incerteza, estar preparado para tomar decisões com base em dados e inteligência é uma vantagem competitiva — e, acima de tudo, uma necessidade para garantir a sustentabilidade do negócio. 

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